Horário de Verão – "o que é e por que é adotado"

 

Data 20/04/10

Não existe um consenso sobre a origem do horário de verão, na história da nossa civilização. Mas alguns estudos afirmam que ele foi criado por Benjamim Franklin, em 1784, nos Estados Unidos, quando percebeu que o sol nascia antes das pessoas se levantarem, durante alguns meses do ano. Ele pensou, então, que se os relógios fossem adiantados em uma hora, naquele período, poderiam aproveitar melhor a luz do dia, ao entardecer, e economizar velas, já que naquele tempo ainda não existia luz elétrica. Mas naquela época as suas ideias não despertaram o interesse das autoridades.

Em 1907, um construtor chamado William Willett, membro da Sociedade Astronômica Real Britânica, resolveu fazer uma campanha na Inglaterra para colocar em prática o horário de verão. Mas as pessoas reclamaram muito e a proposta não obteve êxito. Foi somente durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, que outro país europeu – a Alemanha – resolveu adotar essa medida pela primeira vez, tendo em vista sua necessidade de se economizar energia por causa da guerra.

No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo então Presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estréia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. No verão seguinte foi reeditada a medida com a mesma duração da primeira versão. Posteriormente, a adoção da medida foi retomada em períodos não consecutivos, nos anos de 1949 até 1953, de 1963 até 1968, e nos tempos atuais a partir de 1985. O período de vigência é bastante variado, mas a média nos últimos 20 anos está em torno de 120 dias de duração, no Brasil.

O principal objetivo do horário de verão é o melhor aproveitamento da luz natural em relação à artificial, adiantando-se os relógios em uma hora, de forma a reduzir a concentração de consumo no horário entre 18 e 20 horas. A redução na coincidência de consumo entre as várias utilizações prolonga esse período de maior consumo até as 22 horas, reduzindo o seu valor máximo, chamado de demanda. Este fato leva a um menor carregamento de energia nas linhas de transmissão, nas subestações, e nos sistemas de distribuição, reduzindo o risco de não atendimento às cargas no horário de ponta, em uma época do ano em que o sistema é normalmente submetido às mais severas condições operacionais, uma vez que este é um período de maior consumo. A redução da demanda máxima impacta também na redução da necessidade de novos investimentos em geração e transmissão de energia elétrica.

Assim, a redução dos picos máximos horários de demanda por energia, proporcionando uma utilização mais uniforme durante o dia, é uma medida de eficiência energética. Quanto mais uniforme a utilização da energia no período diário, mensal e anual, melhor se aproveita o sistema elétrico disponível, os recursos energéticos e naturais.

Nos últimos anos a redução média da demanda tem se situado em torno de 5%, nas regiões onde foi aplicada a medida. As análises também demonstram que essa redução da demanda de ponta tem evitado novos investimentos da ordem de dois bilhões de reais a cada ano, na construção de usinas geradoras de energia. A economia no consumo de energia, em MWh, que se alcança em torno de 0,5% é considerada como um ganho decorrente, ou marginal, mas que não pode ser desprezado.

O horário de verão tem sido um valioso instrumento de uso eficiente e racional da energia elétrica e tem ajudado o país a garantir a sua oferta de forma mais contínua e segura, com preços adequados à realidade nacional.


Ministério de Minas e Energia